Os apreciadores de vinhos que valorizam a produção sustentável já se terão deparado com alguns selos que atestam a natureza orgânica de muitos vinhos europeus. Graças a uma legislação implementada em 2012, existe agora um conjunto unificado de normas de certificação em toda a União Europeia, que vem simplificar a vida dos consumidores.

Facilmente reconhecidos pelo logótipo (uma folha em branco sobre um fundo verde abacate — o emblema oficial europeu), esses vinhos frequentemente apresentam também um selo adicional com as letras "AB" (Agriculture Biologique). Antes da legislação europeia de 2012, esse selo era predominante no mercado francês, um dos pioneiros nessa prática.

Mas sabe o que essa certificação significa exatamente? De que forma os produtores a obtêm e qual a sua real importância? É essencial compreender esse assunto, especialmente porque a conversão de vinha para a agricultura orgânica na Europa está em expansão.

Agricultura e vinificação orgânica

Até 2012, a legislação europeia abrangia apenas as práticas agrícolas na certificação, sem mencionar os procedimentos de vinificação. Com a legislação promulgada este ano, a certificação passou a abranger também o controle de algumas técnicas de vinificação.

Isso significa que os vinhos que recebem essa certificação podem ser rotulados como "biológicos", indo além do simples facto de serem produzidos a partir de uvas orgânicas, como antes.

Para assegurar o cumprimento das normas por parte dos produtores biológicos, cada país da UE estabeleceu agências nacionais de controle ou certificadoras. Essas agências, geralmente empresas privadas, realizam inspeções anuais e emitem o certificado orgânico aos produtores.

O número de certificadoras varia entre os países membros, mas uma das mais proeminentes é a Ecocert, que detém cerca de 75% do mercado francês.

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O caminho da certificação orgânica

Quando um produtor decide adotar práticas orgânicas, o primeiro passo é dar conta da sua intenção à autoridade responsável pelo registo de produtores biológicos no seu país.

Mesmo que o viticultor siga rigorosamente os princípios biológicos, ele não está autorizado a usar o selo de certificação no rótulo imediatamente. Só a partir do segundo ano é permitido adicionar a expressão "em conversão" ao rótulo, e o uso pleno do selo é autorizado após três anos, desde que todos os pré-requisitos sejam cumpridos.

Durante esse período de três anos de conversão, a vinícola deve adotar os conceitos biológicos integralmente. Isso implica que, desde o primeiro dia de conversão, tanto a vinha quanto o processo de produção devem ser administrados de forma 100% orgânica, seguindo as regras da UE.

Por exemplo, não é permitida a pulverização química sintética nas vinhas, e o uso de fertilizantes artificiais é proibido, bem como a regulamentação do uso de aditivos durante a vinificação.

Cabe ao produtor decidir se utilizará ou não o selo de certificação no rótulo. No entanto, devido aos custos associados ao processo, a grande maioria dos produtores que optam por essa abordagem acabam por incluir o selo orgânico nos seus rótulos.

Conquistar o selo é uma coisa; mantê-lo é outra. Para continuar a utilizar o selo de vinhos biológicos, o produtor precisa de passar por auditorias anuais das suas vinhas e adegas, realizadas por agências certificadoras.

Cumprindo as condições, um novo selo é emitido a cada ano, assegurando o comprometimento contínuo com a produção orgânica e sustentável.

LEIA TAMBÉM: Acreditação das certificadoras: o que é analisado para que as certificadoras possam atuar? https://www.ecocert.com/pt-PT/artigo/5092050

A importância da certificação

Em relação ao uso do logótipo orgânico, ele só é permitido em vinhos certificados como biológicos por uma agência ou órgão de controle autorizado.

Isso significa que esses vinhos cumpriram condições rigorosas relacionadas com a produção, o processamento, o transporte e o armazenamento.

O logótipo só pode ser aplicado a produtos que contenham no mínimo 95% de ingredientes biológicos e que também obedeçam a critérios mais rigorosos para os restantes 5%. Essa certificação assegura aos consumidores a autenticidade e integridade dos vinhos biológicos que escolhem apreciar.

Ao longo de 30 anos, a Ecocert tem sido líder na promoção da produção orgânica, trabalhando incansavelmente para desenvolver padrões rigorosos que incorporam os princípios da agricultura orgânica. A sua contribuição é evidente na criação de regulamentos pioneiros e no apoio contínuo às autoridades nacionais e internacionais.

Vinhos biológicos: certificação e compromisso com a sustentabilidade
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