O consumidor está cada vez mais atento ao que consome e decidido a mudar hábitos. A vida saudável é o primeiro desejo dos brasileiros, que estão em busca de itens produzidos em condições adequadas. Por isso, a produção orgânica e o processamento dos alimentos que incorporam cada vez mais critérios sociais, ambientais, de segurança alimentar, entre outros, estão ganhando espaço.
Hoje em dia, o cenário empresarial já mudou e foram desenvolvidos selos sustentáveis a partir deste movimento social dos que buscam produtos que valorizam toda a cadeia produtiva.
Ou seja, este consumidor valoriza instituições que preservam o meio ambiente, combatem o trabalho infantil, tratam os colaboradores sem discriminação e são inclusivas, contribuem para o bem-estar da comunidade e oferecem condições justas de trabalho.
A produção orgânica certificada foi regulamentada há quase duas décadas, em 2003, quando foi criada a lei sobre a agricultura orgânica no Brasil.
As INs ou Instruções Normativas, responsáveis por gerir os diversos escopos de produção e processamento, têm praticamente uma década de regulação do setor – o que consolida uma segurança jurídica para quem quer investir no segmento. Até chegar à certificação, existem algumas etapas fiscalizatórias, como a das certificadoras, do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, do Inmetro, além do próprio consumidor que acaba fazendo uma validação social.
Crescimento constante
Fundada em Versailles, na França, a IFOAM (Federação Internacional de Movimentos de Agricultura Orgânica) cresceu muito e se expandiu para todos os continentes desde a criação na década de 1970.
Dos anos 2000 a 2017, o crescimento médio anual das vendas no varejo de produtos orgânicos no mundo foi superior a 11%. É um mercado em potencial, considerando que as terras manejadas e certificadas para produção orgânica não chegam nem a 2% da área total agricultável.
No Brasil, só em 2021, o mercado de orgânicos movimentou cerca de R$ 6,5 bilhões, segundo dados da Organis – Associação de Promoção dos Orgânicos. Em relação ao ano de 2019, o aumento foi de 63% no consumo desse tipo de produto, mesmo durante a pandemia de covid-19.
Primordialmente voltada à alimentação, vale lembrar que a produção orgânica pode ir muito além das frutas e verduras, podendo ser fonte de matéria-prima e ingredientes para a indústria cosmética. As empresas deste segmento podem atuar em uma cadeia produtiva extensa e diversificada.
Por exemplo, se existe uma produção orgânica de açaí para consumo alimentar, existe a possibilidade de adaptá-la para fornecer a matéria-prima para a criação de xampu ou outro cosmético. Desta forma, o produtor consegue ter mais alternativas de comercialização e de incrementar seu negócio.
A rastreabilidade é outro diferencial quando o assunto é a certificação de orgânicos. Durante todo o processo produtivo, desde as sementes e o uso de insumos, até a comercialização, existe um acompanhamento. Este é um ponto positivo para os consumidores mais exigentes e que desejam ter realmente todas as informações referentes ao produto e seus ingredientes.
Bons motivos para a produção orgânica
Os requisitos para a produção e o processamento de orgânicos são extensos - baseados na sustentabilidade, questão social, bem-estar animal, entre outros -, mas isso não pode ser considerado um ponto negativo. Pelo contrário.
Com isso, é mais fácil o produtor ou a indústria adicionar outros selos e cumprir protocolos extras específicos para entrar em diferentes mercados. Alguns destes selos são o de Comércio Justo, Rainforest Alliance, Globalgap, entre outros.
Além disso, o próprio mercado financeiro valoriza e recompensa as marcas através de ratings - ou classificações de crédito - que levam em conta os aspectos de sustentabilidade do negócio e a produção orgânica inserida.
Outros aspectos de sustentabilidade ainda são avaliados na produção orgânica, como o cumprimento das normas ambientais. Um produto orgânico não é caracterizado apenas pelo não uso de agrotóxicos, também não pode haver desmatamento ou poluição de um rio para a produção.
O mercado orgânico no Brasil vive um momento de expansão, no qual existe busca por fornecedores consistentes e volume de produção.
O consumidor tem buscado mais do que produtos primários nos supermercados, ele deseja que os itens mais elaborados também sejam orgânicos, como bebidas, congelados, cremes, biscoitos, mel, ovos, espumantes, kombucha, pizzas, chás, granolas, chocolates, entre muitos outros.